Giordano Cimadon | 11/06/2012 | 1 comentário
Hasteada sobre monumentos culturais e
carregada por braços que celebram ou exigem a liberdade, a paz, a fraternidade,
a igualdade e a justiça, a Bandeira da Paz é um poderoso símbolo universal,
adaptado de elementos simbólicos presentes em diversas culturas pelo sábio
Nicholas Roerich, destinada a servir como divisa da elevação da cultura e da
paz por sobre guerra.
Ela foi desenvolvida como símbolo do
Pacto Roerich, um tratado internacional assinado em 15 de abril de 1935, o
primeiro dedicado à proteção das instituições artísticas e científicas e dos
monumentos históricos. A ideia mais importante deste Pacto é o
reconhecimento legal do fato de que a defesa dos objetos culturais é mais
importante do que a defesa militar, e que a proteção da cultura sempre deve
preceder qualquer necessidade militar. A Bandeira foi proposta por Nicholas
Roerich, para um Pacto Internacional dos valores culturais, que em suas
palavras corresponde a um ideal humanitário destinado a ser o guardião das
realizações culturais da humanidade.
Isso a torna um instrumento semelhante
à Cruz Vermelha, que por sua vez está destinada ao trabalho de aliviar os
sofrimentos físicos dos seres humanos. Mais abstrata no entanto, a Bandeira
deve ser o símbolo do planeta como um todo, de todo o mundo civilizado, e não
de uma única nação.
O filósofo e pintor Nicholas Roerich
(1874–1947) foi quem deu início ao movimento moderno que defende e preserva os
objetos culturais, como princípio fundamental da ideia de Paz entre as
Civilizações. Além de ser reconhecido como um dos maiores pintores russos, seu
maior feito durante a vida foi o Pacto Roerich, assinado pelos congressistas
dos estados americanos no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, DC.
Nicholas Roerich nasceu em São Petersburgo , e
desde cedo recebeu o estímulo de seus pais para que se dedicasse à pintura. Aos
26 anos de idade ele se mudou para Paris, para aprender com Fernand Cormon, o
professor de Van Gogh e Toulouse Lautrec. De volta à São Petersburgo, casou-se
com Helena Shaposhnikova, quem se tornaria a criadora da filosofia do Agni
Yoga.
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A ideia de proteção dos monumentos
culturais foi formulada antes de sua ida à Paris. Durante suas escavações na
província de São Petersburgo, Roerich percebeu a necessidade de defender a
visão de mundo que as civilizações antigas legaram ao mundo moderno na forma de
monumentos.
Logo depois, Roerich e sua esposa
viajaram por cerca de quarenta antigas cidades russas, criando uma ampla série
de estudos arqueológicos e quase uma centena de pinturas dos lugares visitados.
Então, desde a guerra entre a Rússia e o Japão (1904–1905), Roerich passou a
escrever por mais de uma década diversos artigos nos quais expressava a
necessidade de um tratado especial para a proteção das instituições e dos
monumentos culturais.
Apenas em 1929, mediante a colaboração
de um doutor em
Direito Internacional e Ciências Políticas de Paris, Roerich
preparou o projeto de um Pacto para a proteção dos valores culturais. Ao mesmo
tempo, propôs um símbolo distintivo para identificar os objetos que tivessem a
necessidade desta proteção, que viria a se tornar a Bandeira da Paz.
Seu fundo branco ostenta esferas da cor
do amaranto, três delas unidas dentro de um círculo para simbolizar a
Eternidade e a Unidade. O sinal da Trindade pode ser encontrado espalhado por
todo o mundo, especialmente nas religiões. Contudo, cada pessoa pode enxergar
nestas três esferas avermelhadas e no círculo que as envolve aquilo que bem
entender.
Há quem enxergue neste símbolo o
passado, o presente e o futuro, unidos pelo círculo da eternidade. Outros verão
a religião, a ciência e a arte inseridas no círculo da cultura. Cristãos
enxergarão a Santíssima Trindade, budistas verão o Buda, o Dharma e o Sangha,
hindus reverenciarão a Trimurti, ou seja, Brahma, Vishnu e Shiva, enquanto os
gnósticos recordarão da Morte, do Nascimento e do Sacrifício, os Três Fatores
de Revolução da Consciência.