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terça-feira, 20 de novembro de 2007

VIVER EM UMA ILHA (Édison Pereira de Almeida)

Eu nunca imaginei um dia vir a viver 20 anos em uma Ilha.
E claro, o tempo passou e quando me dei conta, já era, como diz o dito popular!
E a era que eu vivi, foi dando-me algo que eu desconhecia de mim mesmo.
Por mais que o Eremitério da Picinguaba, e todas as maravilhas daqueles momentos de interiorização,convívio com a natureza, participação na comunidade da Vila Piscatória mais saudável do mundo, em termos de natureza, serras, montanhas, mar, praias preservadas, gente amiga e solidária, tivesse me dado algo que até hoje trago com muita energia e paz interior dentro do Ser que habita o meu Ser, por mais também que a vida solitária do escritor que eu sou também me permitisse momentos de grande introspecção e de pesquisa mesmo GNÓSTICA,onde nosso ser busca o que ele realmente é e não o que o sistema ou o mundo queira que ele seja, e também, por mais que minhas andanças pelo mundo, vivendo na AMAZÓNIA, PERÚ, MÉXICO, AMÉRICA DO SUL, VALE SAGRADO DO KIRIRI, EUROPA, conhecendo várias etnias e povos , desde os mundos esquecidos até as mais agitadas megalópoles, onde o chamado ser humano vai saber se realmente ainda é humano...e, por mais que até durante a minha juventude tenha estudado durante 5 anos em um Colégio Interno e todo a moda dos Salesianos, com grande proveito de meditações e introspecções, foi mesmo na ILHA DA MADEIRA, PORTUGAL, que eu compreendi de forma prática e não teórica ou de ouvir dizer o que é viver em uma ILHA.
Se isolar do mundo dito Grandioso e ir aos poucos descobrindo ou redescobrindo a grande saga do SER QUE HABITA O MEU SER, algo que poucos têm a oportunidade de conhecer, vivenciar, entender e compreender.
Já repararam que é muito difícil a gente se aceitar como a gente realmente é?
Pois é, .....uma Ilha , durante duas décadas, realmente dá muito bem para entendermos o que vamos ou não mudar em nosso viver, dois tempos de um verbo, pretérito perfeito e infinito.
E, a este tempo todo que aqui vivo, delicio-me ouvindo os sinos de vento , à porta da já conhecida e famosa Heremit House, ou casa do ermitão, delicio-me com o vento nas cumeeiras , fazendo com que os pequenos canários que imigraram das ilhas Canárias e aqui fizeram seu eremitério também, lutem contra a imensidão do Deus Eolo e preservem os ninhos ali construídos na paz do sótão , no intervalo entre as telhas e claro, preservados de outros predadores naturais, e aí, bem aí reside o aspecto mais interessante da vida ao NATURAL e em UMA ILHA:
Observar bem de perto, os ELEMENTAIS, A FLORA, A FAUNA, e nos apercebermos o quanto os filhos da NATUREZA, sabem mesmo como prever o que poderia lhes causar problemas no futuro, enquanto que nós seres humanos, pelo dia a dia corrido e sem muita percepção, sem muita sensibilidade aflorada, quando vemos estamos vivendo sim em um lugar que dizem DESENVOLVIDO, mas reparem, quem tem hoje a segurança em grandes centros de criar em paz seus filhos???
E, se usarmos outros exemplos ficaríamos aqui anos, escrevendo, escrevendo , escrevendo apenas para alertar ao mundo NÃO ILHADO, o quanto realmente algo se passa no PLANETA TERRA que precisamos mudar e esta mudança começa dentro de nós, é uma mudança saudável, pacífica, introspectiva e generosa, para nós e para todos que nos cercam.
Seguindo o exemplo dos Canários agora MADEIRENSES, eu visualizo a grande possibilidade que a ILHA DA MADEIRA, deu-me, qual seja, ter tempo , muito tempo para mim mesmo e não precisar correr atrás seja do que for para fugir de mim mesmo, dos meus medos, dos meus momentos nem sempre SÃOS, como diz a minha amiga Terapeuta e Reflexologista Teresa, que, com sua suavidade , ao dizer-me a respeito de alguém do seu profissionalismo na área das energias e das terapias disse: "Ele é uma pessoa Sã!"
E assim, compreendendo o quanto de INSANIDADE eu trazia comigo, sem nem saber que era insano, pois a vida nos faz de gato e sapato , ou melhor nós fazemos dela gato e sapato, apenas e tão somente porque não paramos para elucidar afinal o que viemos fazer no planeta terra, em nossa casa, na estrada . dirigindo um carro a alta velocidade, para chegar rápido a um cliente ou potencial cliente, ou até mesmo saindo em férias, mas sem a tranquilidade necessária que nossos neurónios e ESPÍRITO precisam para clarear o caminho e vermos um pouco mais a frente....
Com tudo isto, compreendi que não estou compreendido apenas em uma ILHA ou Arquipélago, estou sim INSERIDO EM TODO O UNIVERSO e é ele o Universo quem quer o melhor para mim e para todo o mundo que nos cerca, seja no Arquipélago da Madeira ou seja em todo o Planeta Terra, ou seja na Galáxia, e em outros Universos que ainda nem conhecemos.
Ah UNIVERSO, que bem você me faz, e a nossa querida ILHA DA MADEIRA, ao Planeta Terra e ao Mundo todo que habitamos sem nos apercebermos que as TELHAS das suas CUMEEIRAS, lembram algo que um dia eu li e nunca mais esqueci:
"Quando as cumeeiras do nosso céu se encontrarem nossa casa terá um telhado!" Gaston Bacelar.
Foi-me enviado isto por uma amiga Thaiz Rebello, de grata saudades e lembranças, a quando justamente eu ainda vivia na VILA PISCATÓRIA DA PICINGUABA, e a ela, assim a todas as Tribos que conheci, NAÇÕES INDÍGENAS, espalhadas pelo mundo a toda a natureza, flora, fauna, elementais e seres humanos, eu quero pedir perdão pelo que no passado não conseguia atinar o quão insano eu estava,e deixar claro que estou sempre fazendo meu inventário moral, a ver se não tenho magoado seja quem fôr e pelo que fôr, afinal o perdão é uma grande dádiva e sem ele não chegamos a lugar algum,nem mesmo a nós mesmos!
Agradeço a todos que chegaram até aqui comigo e saibam: viver em uma ILHA é um privilégio de poucos, realmente!

Édison Pereira de Almeida
www.ermitaodapicinguaba.com